O que acontece quando alguém comunicativo, jovem, bonito, famoso fica privado de andar, falar, se mexer ? A vida do então redator chefe da revista feminina francesa Elle muda completamente após um AVC. Preso em si mesmo, como denominam as vítimas da locked-in syndrome, só lhe resta usar a imaginação para não enlouquecer. Sem nada que ele possa fazer para passar o longo e entediante dia preso à cama, Jean usa sua imaginação para realizar seus desejos. Apenas com o pensamento ele passeia , faz viagens, encontra pessoas. Como ele mesmo descreve “meu corpo está preso em um escafandro, mas o espírito é livre como uma borboleta” que pode vaguear até onde quiser, quando como e com quem desejar. Através de um sistema que soletra letras Jean nos conta como é estar preso à seu corpo. Mais que uma contribuição à ciência, que pouco conhecia sobre como era viver esse tipo de síndrome, ele nos dá uma lição encarando com bom humor os percauços de viver esse tipo de situação. Como bon vivant acostumado a valorizar cada dia de sua vida, ele nos mostra que é possível não cair em desespero com o que parece ser o fim do mundo ou o pior castigo para muitos. Emocionantes, suaves e precisas, assim são as palavras de Jean-Dominique Bauby. Concerteza um livro para ler e reler sempre que bater o desespero ou a tristeza com as pedras que a vida nos coloca no caminho.
(O escafandro e a borboleta, Jean-Dominique Bauby. Martins Fontes, São Paulo. Original Le scaphandre et ele papillon, por Rober Laffont, Paris.)
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